Dom Hilário Moser: a votação no Sínodo

Dom Hilário Moser, SDB

Antes de tudo é preciso compreender o que é a “Igreja”. A Igreja é Jesus  Ressuscitado e todas as pessoas unidas a Ele e unidas entre si, graças ao batismo; o “liame”  que mantêm essa “comunhão” de vida divina é o Espírito Santo. Esta imensa “comunhão”  é que constitui o “Povo de Deus”. Portanto, a Igreja é o Povo de Deus que, tendo à frente  Jesus Ressuscitado e animado pelo Espírito Santo, evangeliza o mundo e caminha rumo  ao Pai. Qual é a consequência? Que devemos caminhar juntos, não divididos, uns contra  os outros. Ora, caminhar juntos é precisamente o sentido da palavra sínodo, sinodalidade. 

Caminhar juntos não significa que todos sejam iguais: onde ficaria a riqueza da  diversidade? No Povo de Deus há diversidade de dons do Espírito Santo; há diversidade  de vocações para a viver o próprio batismo; há os que foram constituídos pelo Espírito  Santo como pastores, mestres da fé, sinais da unidade. São Paulo ensina: “A cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo” (Efésios 7, 7). E São Pedro:  “Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição  dos outros o dom que recebeu” (1 Pedro 4, 10).  

A variedade de dons é dada ao Povo de Deus em sentido de serviço. São Paulo  compara o Povo de Deus a um corpo: no corpo humano há grande variedade de membros,  cada qual prestando um serviço diferente, sob o comando de uma única cabeça. Assim é  também o Corpo de Cristo: ele é a Cabeça, nós somos os membros: caminhando juntos  (sínodo, sinodalidade) cumprimos a missão de evangelizar o mundo. 

Falemos agora do Sínodo. O Sínodo dos Bispos foi instituído por Paulo VI. É um  encontro dos pastores do Povo de Deus; não um parlamento em que vence quem tem maioria de votos. A natureza do Sínodo é ser instrumento de consulta, em função do  exercício do ministério papal. Em todos os Sínodos sempre houve um pequeno grupo de  não-bispos: observadores, consultores, peritos… não, porém, com direito a voto. 

O Papa Francisco alargou a participação de não-bispos, incluindo leigas e leigos  indicados pelas Conferências Episcopais, que também poderão votar. Houve quem  arregalasse os olhos ao saber da novidade… Ora, sendo o Sínodo um órgão de consulta,  por que privar as leigas e leigos do voto? Sabemos que, em questões de fé e moral, por disposição divina, a última palavra cabe ao magistério episcopal e papal. 

Aliás, do próximo Sínodo participará todo o Povo de Deus. Todas as Conferências  Episcopais, Dioceses, as paróquias e comunidades puderam fazer-se ouvir, falar, sugerir  o que julgassem mais conveniente para o bem da Igreja. Em outras palavras, o Papa  Francisco aponta a sinodalidade como caminho para a Igreja de hoje.  Dado que todos os membros do Povo de Deus possuem o mesmo Espírito Santo,  para que caminhemos juntos, nada melhor do que ouvir o que o Espírito Santo diz pela  boca de todos os membros do Povo de Deus. Não se trata de reuniões em que se vota  algum ponto e a maioria vence: trata-se de, na docilidade ao Espírito Santo, ouvir, tentar  compreender o que o outro/a tem a dizer. Sem dúvida, aos poucos, o Espírito Santo  conduzirá o Povo de Deus pelos caminhos do Evangelho. 

Esta disponibilidade ao diálogo, sob a invocação do Espírito Santo, fará com que  a Igreja dê testemunho de comunhão, de participação e de cumprimento de sua missão,  como pede o tema do próximo Sínodo: “Para uma Igreja sinodal: comunhão,  participação e missão”. 

Fonte: Inspetoria Salesiana de São Paulo

 
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