Queridos
devotos,
No texto do evangelho de hoje, encontramos Maria ao pé da
cruz. É uma das imagens mais chocantes que podemos imaginar. A mãe que assiste
á execução de seu filho sem nada poder fazer para livrá-lo da dor. Ela parece nada poder fazer, mas faz muito. A
presença dela, naquele momento, já é um conforto inenarrável. Quem não gostaria
de ter ao seu lado no momento mais doloroso da vida, a pessoa que mais ama?
A presença da mãe ali, naquele momento, foi extremamente
confortadora. Ela ofereceu seu olhar, mesmo sem poder tocá-lo, ofereceu sua
paixão, fazendo do sofrimento de seu filho o seu próprio sofrimento. Foi um
conforto mútuo. Ao mesmo tempo em que ela confortava, foi confortada e
amparada.
Jesus ao vê-la ao lado do discípulo que ele amava, o entrega
como seu filho. O discípulo amado teria a missão de amenizar a dor e ocupar o
espaço vazio deixado por Jesus. Maria o adota como filho a pedido do próprio
filho. Ao assumir o discípulo amado com filho, Maria assume toda a humanidade
como filhos e filhas amados por Jesus. O discípulo amado nesse evangelho
representa cada um de nós que foi adotado por Maria como filhos. Quantas vezes
chegamos a esse Santuário querendo um aconchego de mãe no seu coração
transpassado pelas espadas da dor?
Ao receber o discípulo amado como filho, o filho a recebe
como mãe: “Eis aí a tua mãe”, diz Jesus para o amado discípulo. “daquela hora
em diante fomos impelidos, convocados por Jesus a assumir sua mãe como nossa
mãe. A partir desse momento Maria passou a ser a mãe da humanidade, a nova Eva.
Assumir Nossa Senhora das Dores como nossa mãe, é assumir com ela as dores da
humanidade. As dores das mães que veem seus filhos serem brutalmente
assassinados; as dores das mães que tem seus filhos no mundo das drogas, da
prostituição e do roubo; as dores de todos que, de uma forma ou outra são
crucificadas ainda hoje.Fazer memória de Nossa Senhora das Dores, não é apenas
recordar um “dolorismo” descontextualizado, mas encarnar o seu sofrimento no
sofrimento do mundo.
É esse o apelo da liturgia de hoje, que recordamos também
quando rezamos os mistérios dolorosos do terço, quando celebramos a Semana
Santa, ou quando passamos ou presenciamos momentos de sofrimento.
Que
Nossa senhora das Dores interceda por todos os que sofrem e faça como fez ao pé
da cruz: se compadeça do sofrimento da humanidade e nos alivie com seu amor de
mãe.
Missionário redentorista, Pe. Oliton Ferreira Gomes